quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A Moda em tempos de guerra- Década de 40- História da Moda

A década de 30 terminou um pouquinho antes em 1º de setembro 1939 com a explosão da 2ª Guerra Mundial, inicialmente Reino Unido e França declararam guerra em repúdio ao Imperialismo Alemão, subsequentemente o conflito se tornaria de ordem mundial. Em torno de 100 milhões de soldados foram mobilizados e o saldo de mortos seria de trágicos 70 milhões de pessoas, fome, doenças, bombardeios ou mesmo o assassinato deliberado. Tomemos como exemplo a Rússia em que um de cada quatro cidadãos foi morto ou ferido pela Guerra.

Garotas numa Universidade no Illinois recebem voluntariamente treinamento militar em 1942.

Os anos 40 foram marcados para as pessoas como época de escassez e regime espartano de tecidos as roupas eram confeccionadas com mínimo de tecido que o decoro permitia, os ombros eram marcados com ombreiras para passar uma mensagem de mulher forte, as cores eram o preto e o cinza, parecia que a guerra estava dentro dos guarda-roupas de todas, os sapatos eram chamados em tradução livre de "sapatos adequados", eram compactos, feios mesmo, mas toda e qualquer ostentação estava fora de cogitação.

Os governos precisavam dos tecidos para o exército, fardas, pára-quedas, bandagens, o couro era imprescindível, botas militares deveriam ser fortes para bombas e para o frio.

As mulheres passaram a trabalhar nas indústrias, escritórios, hospitais, escolas, para o governo e exército, inclusive na própria guerra. Todas as pessoas foram imersas nos esforços e sacrifícios de guerra, as mulheres reformavam suas roupas, colocavam solados novos em sapatos velhos, usavam calças compridas, chegavam a fazer a risca da meia de nylon com caneta na parte posterior das pernas para simular que as vestiam, a maquiagem e os penteados foram quase abolidos, lenços e pequenos chapéus eram usados com cortes de cabelo práticos.

Citação desse mesmo blog em 13 de setembro de 2012.

http://pinicando.blogspot.com.br/2012/09/quer-saber-do-ultimo-babado.html




As mulheres eram incentivadas a sair de casa e tomar para si os postos de trabalho e as responsabilidades que os homens deixaram para trás quando foram lutar na Gurra, era o início de uma independência feminina forçada.

A crise de 1929 já tinha deixado as pessoas acostumadas aos tempos difíceis, o garda-roupa não mudou grande coisa os ombros foram ressaltados, as cores foram acinzentadas e o ideal de beleza em tempos de escassez  normalmente são curvas e opulência. Mas a auseridade como explicada acima iria aumentar com os esforços de Guerra.

O imaginário masculino era habitado por Rita Hayworth, mas as mulheres estavam levando o país nas mãos.

Mas todo soldado tinha deixado uma diva particular em casa, para acalentá-lo com suas cartas e sonhos de uma volta para casa.

A grosso modo a época, como já descrito, não foi frutífera para expererimentações e delírios de moda, mas as mulheres sempre querem ser mulheres. Uma novidade dos tempos de Guerra foi que, na tentativa de uma integração pan americana, dado aos florescentes movimentos de extrema direita apoiados pelo Estado, os Estados Unidos foram cortejar seus vizinhos do Brasil, não foi barato já que Roosevelt teve que construir a  Siderúrgica Nacional de mimo para o Governo Brasileiro. 

Dentre esses esforços de mostrar um Continente Americano unido ganha notoriedade uma brasileira nascida em Portugal, com olhos verdes-claríssimos e apenas 1,52m de altura. Carmem Miranda já havia feito algum sucesso nos Estados Unidos nos anos 30, mas numa sociedade marcada pela austeridade aquela imagem exótica e alegre chamou enorme atenção com o tica-tica-bum.



 Ela é um dos grandes expoentes da moda do século XX, inventou os sapatos plataforma, chegando a 20 cm, ela adorava costurar e bordar suas próprias peças, usava os famosos chapéus de frutas e seus penduricalhos. Toda essa produção, o requebrar e o sorriso largo dava a ela uma aura no palco que chegava a hipnotizar quem olhasse demais, ela sabia controlar totalmente o ambiente do palco e de cena. Não se importava com a moda, se vestia conforme o seu corpo "pedia" e ainda dizia "Não me importo que me copiem". E foi copiada, não demorou para as americanas começassem a usar turbante em alusão aos chapéus impossíveis de se usar no dia-a-dia. E nós usamos as plataformas até hoje.

Plataformas.

Turbante.

O turbante foi uma alternativa barata ao chapéu, que teve uma mudança chegando a se parecer aos chapéus masculinos em simplicidade.



Agora que a guerra já estava avançada as mulheres tiveram que começar a improvisar de tudo para virar vestidos, muitas roupas simplesmente não toleravam tantas reformas. Começaram-se fazer roupas até com tecidos que antes só se pensaria em fazer toalhas de mesa e cortinas, mas deve ter quem aproveitou as que já tinha em casa e colocando-as na máquina de costura. 

A elegância teve de ser posta de lado pela simplicidade, era um caso de vida ou morte, nesse caso. Perder significaria ser subjugado pelo Regime Nazista. 







Croquis, Folha década de 40

As mulheres que realmente foram a Guerra eram em sua maioria enfermeiras e secretárias.

Primeiro contingente de enfermeiras americanas na Guerra.

Para as mulheres européias que foram realmente afetadas pelos fatos não havia moda, não havia vaidade, havia o final de cada dia sem sofrer um bombardeio, fome ou se fosse uma das minorias "cassadas" pelos Nazistas terminar seus dias como prisioneira.

Hitler tenteu transferir as Maisons para Berlin, mas muitos costureiros e estilistas fugiram da Europa enquanto podiam e Portugal era a única rota de saída da Europa para a América. A Espanha havia saído de uma Guerra Civil e foi poupada, já que o Ditador Franco era aliado dos alemães de todo jeito, então Portugal, neutro, apesar de também ser um país dominado por uma ditadura de direita era um lugar seguro para os ricos da Europa embarcarem para a América. 

Era caro, cheio de propinas, as Famílias Reais foram toleradas e até bem vistas em deixar a Europa via Portugal ou ficar no país, os muito ricos também, mas havia as pessoas que deveriam deixar os territórios europeus com pena de serem apanhados pelos nazistas, então o Marrocos Francês era uma terra relativamente segura, mas era uma jornada longa que integrava Masella ao Norte da África e a chegada a Casablanca.

Lá as pessoas viviam numa sociedade que preferia ser ignorante e gastar o seu dinheiro enquanto esperava o visto de entrada em Portugal para embarcarem para a América.

Filme Casablanca mostra essa sociedade européia no Marrocos e os esforços dos que tentavam fugir.

Estou me estendendo mas não poderia de dar as devidas honrarias às mulheres da União Soviética que lutaram na Guerra, uma vez que o serviço militar era para ambos os sexos. Hitler e Stalin haviam feito um tratado de paz em as nações anos antes, mas a Alemanha rompeu a trégua e em 1941 invadiu o território da URSS. As tropas Russas estava quase que em sua totalidade na fronteira chinesa esperando um ataque japonês. Hitler queria acabar com os "vermelhos" desde discursos na década de 30, mas com a Inglaterra de um lado os Russos achavam que os nazistas se concentrariam no Oeste.


Exército Vermelho, homens na vanguarda, em sua maioria, as mulheres na retaguarda.

Este elemento surpresa deu aos alemães imensa  vantagem nas primeiras semanas de tomada, aviões eram abatidos nos galpões antes de sequer levantarem vôo. Leningrado foi sitiada, os esforços alemães se voltaram para a tomada de Moscou, já que a Rússia havia contra atacado violentamente e os russos logo retomaram território, as ofensivas do Eixo então marcharam para Stalingrado, região petrolífera e industrializada, com fartura de comida para o abastecimento das tropas. Ao sul estava o rio Volga que supria a cidade.

O que parecia fácil se tornou uma das batalhas mais épicas da História, a cidade sitiada não se entregou e o inverno castigou os alemães, primeiro a batalha era por setores da cidade, depois por blocos, aí para quarteirões e então cada casa levaria dias para ser tomada, a população resistiu bravamente 5 meses sob bombardeios, as mulheres de Stalingrado foram heroínas sendo metade dos combatentes, os civis faziam barricada e fortificavam as ruas, deixando os tanques de fora da cidade, o que deu ao povo a chace de combater com os nazistas como iguais.

Combatentes de Stalingrado, uma mulher entre eles.

O resto é conhecido, os Aliados venceram a Guerra em 1945.

Este post é dedicado a todas as pessoas, em especial às mulheres, que lutaram, viveram e morreram em nome do Mundo que vivemos hoje.

Beijocas

Regina Pinotti

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